Israel tem mais de 1,5 milhão de bunkers; saiba como eles funcionam

Israel possui um dos esquemas de segurança mais consolidados do mundo durante ataques, como os que tem sido feitos desde ontem pelo Irã, em resposta ao bombardeio de infraestruturas nucleares iranianas na quinta-feira. Com isso, a população israelense tem recebido alertas para se abrigar em bunkers, — abrigos antibombas que funcionam como uma ''proteção imediata'' em situações de emergência desde 1951 no país.
Veja como são
Há mais de 1,5 milhão de bunkers públicos e privados, segundo o Ministério de Defesa de Israel. Esses espaços seguros estão espalhados em moradias, prédios públicos e outras construções nas cidades israelenses. Eles podem ser construídos de forma subterrânea ou acima do solo, e alguns são até móveis.
Eles são obrigatórios desde 1951. Três anos após Israel declarar sua independência, o país instituiu uma lei de defesa civil exigindo que todas as casas, edifícios residenciais e escritórios fossem equipados com abrigos ou ''salas seguras''.
Formato e tamanho dos bunkers variam. Algumas escolas funcionam como abrigo por serem revestidas de concreto específico e com janelas à prova de explosão, enquanto também há pequenos cômodos em casas projetados para resistir a foguetes e ataques com armas não convencionais.
Com o tempo, os abrigos foram sendo transformados para terem atividades dentro. Hoje, alguns deles funcionam como estúdios de dança, centros comunitários, ginásios, igrejas e bares. Em setembro de 2024, em meio aos ataques do Hamas, alunos ultra ortodoxos foram flagrados tendo aula dentro de um bunker.
Para irem aos abrigos, as sirenes precisam tocar e isso ocorre em todo o país se o ataque for generalizado. Estações de rádio e o sistema de televisivo transmitem um código hebraico chamado "Homat Barzel", explicou o jornal Washington Post. Os civis são, então, instruídos a desligar aparelhos elétricos, fechar torneiras e botijões de gás das residências, e a se deslocarem ao abrigo.
Em 2014, um novo aparato foi incluído na segurança dos israelenses com o desenvolvimento do aplicativo Red Alert. O sistema reforça com alertas no celular quando as sirenes são tocadas pelo exército para informar sobre ataques. Quando isso ocorre, o usuário tem entre 15 segundos e dois minutos para achar um abrigo, sem correr.
Bunkers também são marcados por histórias de luto. As paredes brancas e vazias dos abrigos antibombas na rodovia 232, no sul de Israel, tornaram-se uma tela de luto para familiares e amigos de pessoas que foram mortas pelo Hamas em outubro de 2024. Inscrições, desenhos, orações e poemas homenageiam as vítimas.
Ontem, as Forças de Defesa de Israel instruíram a população a permanecer perto de abrigos ''até novo aviso''. ''A circulação em áreas públicas deve ser minimizada e aglomerações devem ser evitadas. Ao receber um alerta, entre em um espaço protegido e permaneça lá até que uma atualização oficial seja emitida'', falou.
Prefeitos brasileiros em Israel se abrigam em bunker
Um grupo de prefeitos brasileiros que está em Israel foi surpreendido por sirenes. Os alertas soaram por volta das 4h de ontem, 22h de quinta no horário de Brasília, e eles tiveram que se abrigar em um bunker no campus da universidade Beit Berl College, na cidade de Kfar Saba, durante um ataque do país ao Irã. São eles:
- Cícero Lucena (PP), prefeito de João Pessoa;
- Álvaro Damião (União), prefeito de Belo Horizonte;
- Johnny Maycon Cordeiro Ribeiro (PL), prefeito de Nova Friburgo (RJ);
- Welberth Rezende (Cidadania), prefeito de Macaé (RJ).
Rezende contou que o grupo foi ao país a convite da embaixada de Israel no Brasil. "Estamos em uma delegação de 25 prefeitos", disse. "Iniciaríamos uma série de visitas voltadas ao conhecimento de métodos tecnológicos aplicados à gestão de cidades."
Com o fechamento do espaço aéreo de Israel, eles não sabem como retornarão ao Brasil. O UOL apurou que a embaixada do Brasil em Tel Aviv está em contato com a delegação.